domingo, 27 de maio de 2012

5:00 AM



Mais que uma rima pobre
Entre os teus olhos e os meus
Década de vinho tinto
Versos quebrados
Pelo sopro da madrugada
& da insônia

Penumbra
Feita de café,  nicotina
Acidentalmente iluminada
Pelo teu sorriso

Sorriso que me transforma
Em vulto trêmulo
Do século XIX
Não sou Leonardo Alves
Sou Álvares
Casto fazedor de versos

Não consigo, ainda
Decifrar a morte da lucidez
Talvez o absinto da tua juventude
Talvez uma queda
Abstrata

Entre tons da tua voz
- Às vezes terna, em gentil,
Às vezes altiva, ferina –
Menina
Mulher imaculada  
Adorável pondo safiras
E diamantes entre vogais…

Música que eu quero ouvir
Até morrer
Por favor não me  tapem os ouvidos
Não me prendam 
Quero cair nestas águas

Gestos que recendem cor e perfume
O corpo é um jardim
Anunciando o prazer
Quem dera minhas mãos imprecisas
Colher teu regozijo
Às vésperas da primavera!

Ah, doce embriagues…
Caminharíamos pelas ruas
Juntos, esquecidos da dor
E do aroma acre
Das paredes & calçadas noturnas

Dançaríamos
Ignorando o tempo
Aquecidos pelo fogaréu
Que eu faria com todos meus livros
E covardias

Era para existir uma lei
Proibindo um olhar tão lindo
E uns lábios doces & molhados
Que semeiam bardos tristes
Nefelibatas
Entre paredes de gesso & metal

Era para existir uma lei
No teu coração
Dizendo para amar
O casto fazedor de versos
Que esqueceu de adormecer.