terça-feira, 9 de outubro de 2012

Epifania do Óbvio


As coisas óbvias
Não saltam aos olhos
tão obvias
que parece tolice
dar por elas

hoje
a grande epifania do óbvio
                              me ocorreu:

Estou vivo

Sim,
       vivo
escrevendo este poema
Pensando e sentindo
Tentando acomodar as costas
nesta cadeira comprada em 10 vezes
tentando acomodar o ser
no universo
em expansão
              dispersão
                            solidão

Estou vivo e me move o desejo
               súbito
De juntar letras
numa determinada combinação
e dar  justificativa
A esse ato gratuito

Eu podia muito bem estar morto
Já que morrer é normal
E a morte acontece
a qualquer idade

(sei que amanhã posso não estar
Mais em carne, osso & sentimentos
Apalpando o mistério

Mas o que importa
é o hoje
Gravado nestes versos
Que tentam
Sem muita fidelidade
 resumir
As milhares de sensações
Que me ocorrem)


Entre umidade
livros
computador
Cá estou
Neurônios em ebulição
Gerando incongruências
Engendrando o drama
Usando verbos
Conjugando percepções
Acomodando fonemas
Num ritmo disperso
Com a disposição de espremer poesia
Do instante

Sentindo
A grande comoção de estar vivo
Escrevendo um poema
Para dizer unicamente
Que estou vivo.