domingo, 24 de novembro de 2013

Porto

Um dos Cinco Poemas Lusos - parte de  um livro que ainda não existe.



O fado, o abismo
Consumiu  voraz
As caravelas ébrias
Do meu pensar

Em vão, aventura
Diuturna, muda
Em vão quisera provar
A esfericidade da terra

Vários outonos
Sem fruto sem gosto
Primaveras sem viço
Num porto de sal

Monstros marinhos
Perigo mitológico
Na lógica faina
De navegar

Inútil o desenho
Da real cartografia
Para o contorno da áfrica
Atlântico padecer
Sem índico remate

Aquém da riqueza oriental
Barão martirizado
Roto esquecido
No périplo de seus dias
Iguais
Iguaria de Cronos

Ah, qual deus entre tantos
No regimento dos Sete Céus
Vedou o albor de um horizonte
E transtornou o mundo
em um plano pedaço
de areia & mar.

Um rude disco
Com abismos
Em todos sentidos
(mesmo que já não faça sentido
O mito)

Ah, qual deus entre tantos
No regimento dos Sete Céus
Transformou em viver
O verbo navegar.