terça-feira, 1 de novembro de 2011

Poema de Finados


Sombra passageira -
Seremos
Mais do que isso?

Breve cansaço
Que dura o instante
De lamentar
E gozar um pouco

Amanhã seremos
Somente fotos no álbum de família
E nossos rostos ficarão
Cada vez mais estranhos e distantes
Na imagem que restou

E depois de amanhã
Seremos lembrados
Em nosso natalício
Com certo mal estar
Para quem ficou

E, finalmente, seremos vento apenas
A cada dois de novembro

Mas chegará o dia que nem memória
Nem pó restará
Nem mesmo tempo
Pois não haverá quem conte o tempo

Então por quê?
Por que tanto medo
De dizer e fazer?

Tudo é tão simples
Tão certo
A vida, a morte
De que vale sofrer?

4 comentários:

Anônimo disse...

belo poema, Léo! foi bastante confortante pra me lembrar, nessa madrugada onde meus problemas (a solidão...) parecem maiores que tudo, que somos só passageiros nesse mundo. ademais, é como nos disse mestre Morrissey, naquela canção da qual gostamos:
"so we go inside
and we gravely read the stones
all those people, all those lives
WHERE ARE THEY NOW?
with loves
and hates
and passions just like mine
they were born
and then they lived
and then they died
it seems so unfair - I want to cry"

um beijo!!

Mônica

Anônimo disse...

Profundo...

Unknown disse...

Valeu o feedback, Anônimo. Abraço

Unknown disse...

Pois é, Mônica, escrevi pouco antes de conversarmos na véspera de finados. Creio que estávamos em certa sintonia com nossas dores. Neste poema tentei uma contrapartida para minha angústia & solidão que pareciam imensas. Que bom que o texto te tocou, de alguma forma.
Muito obrigado pelas palavras. Tenho orgulho que sejas uma de minhas leitoras.
Ah, bela lembrança da múscia dos Smiths, "Cemetry Gates"

Beijo, querida!