segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Imprecação

Há mais pessoas sozinhas
Do que se pode imaginar.
Há um exército disperso,
Perdido
Em diversos apartamentos
Úmidos, caiados
Como pobres sepulcros.

Cada um canta sua dor
E sente a vergonha íntima de cantá-la
Pois a solitude
Àqueles que vivem em comunhão com o mundo
É apenas fragilidade
De gente parva,
Anacrônica.

Todos, nos seus respectivos
Quartos de frente para o infinito,
Todos, de alguma forma
Mesmo os ateus,
Pedem a Deus
Para serem amados.

Mas a sensação de que nenhum coração
Bate por eles
Pesa como o pêndulo do tempo
A cada segundo
Dizendo que estão
Cada vez mais velhos
E sozinhos.

Há mais pessoas sozinhas
Do que se pode imaginar.
E a dor destes solitários é grande
Como as noites de insônia
E desalento.

A dor é imensa
Como o cansaço
À hora da alvorada
Depois de tanta noite
Em vigília com seus pensamentos
Ouvindo tão somente
Os próprios lamentos.

Por isso eu rogo a deus:
Dai um amor verdadeiro a essa gente
Não deixeis que se percam
Em tortuosa mágoa, em calado pranto
Fazei com que encontrem a felicidade
A alma que lhes completará
E há de libertá-los
Das noites sem fim
e sem carinho.

Oh Deus!
Vós que destes
A eloquência ao bandoleiro
Coragem ao usurpador
Malícia ao dissoluto
Tende piedade
Dessas gente humilde
Desintegrada.

Há mais pessoas sozinhas
Do que se pode imaginar.
Deus, dai um amor verdadeiro
Para mim também.

2 comentários:

Rodrigo disse...

Lewawvez no seu melhor estilo!

Unknown disse...

Obrigado, Rodrigo. Talvez a grande maioria queira que eu seja queimado vivo por apresentar meus sentimentos. Abração