terça-feira, 26 de abril de 2011

Anotações para um Noturno


Preciso de um olhar triste para fortalecer minhas palavras
Um olhar de quem não vive senão para cultivar as próprias feridas
Preciso de um olhar para iluminar minhas expressões desorquestradas

Um olhar triste como arquitetura de cemitério
Um olhar de pássaro morto
Para cerzir esta nênia sem fim
E receber o artesanato vão de uma lua fanada

Um olhar triste de mãe que perdeu o filho único
Olhar do atleta mutilado ao espelho
Uma tristeza em tons menores
Com direito a quarteto de cordas
E pianíssimo lacrimejante

Deus que jamais foi meu
Um olhar triste para esta melodia
Um olhar triste igual ao meu.

                                            
                                            Leonardo Alves

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