sexta-feira, 29 de abril de 2011

Lembrança do Mar


há muito mar nos meus ouvidos
há um azul sem fim nos meus olhos
no entanto desconheço o mar

vários heróis na lembrança
um mar sangüíneo  
na balada arcaica do coração
não obstante o mar
é apenas uma idéia

dos antigos poetas
lidos na infância
nos vãos de qualquer
sentar-se à beira de si

o mar é tão irreal
quanto os Campos Elísios
corpo desfalecido
de Aquiles

nasceu, o mar, nos meus braços
carentes de abraços
imagem – hipérbole, lenda
dos desencantos da urbe

no entanto o que são estes estrondos
nos rochedos do meu sentir?
paquetes sulcando meu sonho incorpóreo?
um sorriso com as velas enfunadas?
Cantochão dos pescadores?
brados heróicos dos desbravadores?

É apenas o eterno mar dos meus sentidos...

                                                 
                                       Leonardo Alves

2 comentários:

Profano disse...

Acho muito bom o teu blog. E bom também que tenhas um blog. Mas evito sempre comentar poesia porque acho muito difícil, principalmente quando a gente conhece o autor, porque aí já não há aquele distanciamento que acho que é fundamental para se ler uma obra qualquer (pelo menos na minha humilde opinião) e também porque não havendo tal distanciamento, a gente sempre acaba tropeçando em algum floreio sentimentalista ou fazendo uma análise injusta por conta disso. Mas isto não quer dizer que não estarei acompanhando o este espaço aqui.

Unknown disse...

Concordo contigo, Profano. É muito difícil avaliar de forma objetiva o trabalho de uma pessoa conhecida. Mas agradeço pelo fato de acompanhares os meus posts. Eu, da mesma forma, sou leitor assíduo do Douto e Profano.