Não imploro amor
Não mais, nunca mais!
Cinco quedas-livres são
suficientes
Para recuperar a aspereza.
Um e-mail às cinco da manhã
Diz que tudo foi derrogado
De uma forma tão cálida
Que o riso suspende a lágrima.
Angioplastia sem anestesia
Ao fim de cinco doses de felonia
Já não sinto dor.
A carótida é uma rosa
espedaçada;
Há um projétil cravado na
coluna vertebral
Mas não sinto dor
‘Stou áspero & duro
Como esmeril.
Encho o rosto de cicatrizes
Com um prego enferrujado;
Ser belo qual um cavalo morto!
Atrativo como cem caveiras
brancas
Num mausoléu...
Tudo derrogado
Sou a solidão nos cafés
A borrasca das tardes
pelotenses
Sem máscara sem mágoa
Um leve desconforto
De arame enfarpado na uretra
E uma xícara árida de deserto.
Cinco tentativas vãs de
suicídio
Cinco tenebrosos intentos de
amor
São mais que suficientes
Para cinco vidas.
Cinco da manhã
Eu amanheço
Enfim.
Não imploro amor
Não mais, nunca mais.
4 comentários:
Esse poema doeu em mim...
Na minha pessoa (persona poética e persona de verdade) doeu também! Expulsá-lo de de dentro de mim fez bem. Agora não dói tanto. Como é difícil abordar a temática do amor nos dias de hoje! Como é difícil viver o amor nos dias de hoje!
Obrigado por acompanhar meu blog, Vanessa! Bj
Ô, se é... mas ainda bem que existe a poesia (ou a escrita em si) para nos salvar de todas essas tempestades.
Verdade! A arte, seja a que praticamos através da escrita, seja a que consumimos através de livros, músicas e filmes torna o mundo um lugar menos árido para viver. Mesmo quando nossa expressão é corrosiva, há um bem em praticá-la.
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